PORTFÓLIO
Narrativas Fotográficas: Nenhum sonho a menos

O trabalho é resultado de uma oficina realizada com os alunos da E. M. Daniel Piza, em Acari – Rio de Janeiro em parceria com o Centro Cultural Phábrika. Nele, foram propostos encontros onde os alunos criaram histórias fantásticas através da fotografia e colagem. Acari tem um dos piores índices de Desenvolvimento Humano Municipal da cidade do Rio de Janeiro. O nome do workshop é devido a uma homenagem do centro cultural a jovem Maria Eduarda, morta pela polícia, em 2017, dentro da escola Daniel Piza. A ideia do projeto foi discutir questões como memória e imaginário através da narrativa imagética, ou seja, sobre as escolhas que fazemos ao narrar uma história. O trabalho é um site specific, ou seja, o espectador é provocado a se deslocar para fora do circuito artístico para poder conhecer a obra.
El deseo se logra com la accion y es el único que pasa por la reja

Em 2017, fui selecionada para a Residência Artística Comunitaria, em Lincoln, Argentina. Comunitaria é uma residência de produção artística voltada para processos sociais. Organizada e financiada pela Associação de Arte e Cultura de Lincoln, junto com Cooperativa de Arte e Curatoría Forense – Latinoamérica –, com o apoio da Secretaria da Cultura e Educação de Lincoln e da Direção Geral dos Museos do partido de Lincoln. A proposta é que cada artista intervisse em uma das 11 localidades do partido de Lincoln (Roberts, Pasteur, Arenaza, Las Toscas, Carlos Salas, Triunvirato, Martínez de Hoz, El Triunfo, Bayauca, Bermúdez e Lincoln).
Sendo designada para Arenaza, propus uma intervenção no chafariz da praça, de modo a questionar os modos de habitar se relacionar com o espaço urbano. Me foi apresentada uma localidade tranquila onde todos se conheciam; entretanto, a fonte da cidade era gradeada e percebi que a mesma só tinha pedras em seu interior. Assim, arrecadei várias moedas na comunidade e as amarrei em saquinhos, para que os moradores pudessem rompê-los e jogar as moedas na fonte, exercitando um gesto simples, mas que não era feito. Ao lado da fonte, escrevi a frase: “El deseo se logra com la accion y es el único que pasa por la reja”.


Paisagens hostis


A série “Paisagens Hostis” consiste em um conjunto de cartões postais com imagens desses espaços que venho fotografando desde 2016. Minha proposta é a partir da ideia de paisagem presente no imaginário social carioca, discutir a vista cotidiana das pessoas que moram e transitam no Rio. Esses postais integraram a exposição, 'Utopia do Não', no Paço Imperial. Ao todo foram 5 mil postais, de uma série com 5 diferentes paisagens, que ficaram em um suporte de ferro. A proposta foi expor e distribuir para o público essa série durante e exposição. Com isso, junto a curadoria, pensamos que seria interessante que os postais ultrapassassem os limites do espaço expositivo e tomassem a extensão da cidade. Cada postal também tem um “QR” code que dá acesso a localização de onde a foto foi tirada. Esse trabalho, em processo, integra a pesquisa de doutorado e surgiu a partir da seguinte inquietação “Quem tem direito à cidade?”. Consiste no mapeamento de “locais hostis”, construídos com o aval do Poder Público, para impedir o acesso de pessoas ou grupos a determinados espaços do tecido urbano do Rio de Janeiro.
Cerco, cerca, cercado
Nasci em Xerém, uma área rural de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Passei minha infância brincando em uma roça que ficava atrás da minha casa. Hoje é um terreno loteado com algumas construções. Assim, a performance consiste em atravessar as cercas que dividem esse loteamento. Um gesto que me remete a uma memória afetiva, mas ao mesmo tempo, explora os percursos e limites criados por seus habitantes. A série consiste em registros fotográficas e vídeos feitos em momentos diferentes, que mostram as mudanças climáticas, intervenções humanas e o processo de construção e cercamento dos lotes. Proponho usar a mesma roupa durante o processo, um casaco de lã e uma calça legging, de forma que o processo vire marca, memória. Assim, é um projeto em andamento, que encerrará quando for impossibilitada de atravessar as cercas.
Casulo onírico

A série, que teve início em 2016, consiste em uma experiência que busca imagear, através da fotografia, o que há de fugidio e insólito nos devaneios, sonhos e pesadelos que me perpassam. Ainda em processo de elaboração, a série é montada em trípicos, e a primeira delas foi apresentada na exposição Curadoria para quê?, em 2018.


Boulevard olímpico

A série destaca parte do processo de reurbanização da cidade do Rio de Janeiro, por ocasião dos Jogos Olímpicos, e a experiência do carioca/turista em conhecer esse novo espaço turístico. Outra característica é o enquadramento, que privilegia o corte da cabeça dos fotografados, explorando também a relação que os transeuntes têm com a cidade, remetendo à figura do flâneur, no sentido benjaminiano. A série foi exposta na Mostra A Construção do Olhar, em 2016, no Ateliê Oriente.



Vermelha

Elaborada em 2015 a partir de uma série homônima de desenhos, ela deriva de uma reflexão em torno de situações vividas em uma rotina acelerada de trabalho, solidão e ansiedade, questionando o valor que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros. Alguns desenhos da série foram publicados no primeiro número da Revista Círculo de Giz, em 2015, e as fotografias exibidas no Foto Rio Resiste, em 2018, organizado pelo coletivo Fotógrafas Brasileiras.

