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“Podia ser a Gente” [2020], profanando monumentos no espaço público, mas você não colabora. O título desse trabalho faz referência ao meme que vem da música de Humberto e Ronaldo, mas se inspira nos recentes movimentos de destruição de estátuas que representam a colonização e a exploração de um lugar: controle territorial e destruição de determinada cultura e povo.
A intervenção consiste em colar uma placa de alumínio no tamanho 20x30 com a frase “Podia ser a gente” no pedestal do busto, na praça da Mantiqueira (Xerém), do vereador José Barreto, primeiro vereador eleito pelo 4° Distrito de Duque de Caxias (Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro) que é Xerém.
Ao me deparar com um pedestal vazio me indaguei sobre como a ausência do busto era significativa, pois os monumentos são idealizados para fazerem referência a um determinado evento ou a ícones históricos com o intuito de constituírem a paisagens e se tornarem símbolos de identificação e de memória de um lugar. Com isso, estátuas como as do vereador se tornam questionáveis: como o espaço público é ocupado, quem e como são os escolhidos para se tornarem símbolos, a interação das pessoas, em seus cotidianos, com as estátuas e os monumentos dispostos em espaços públicos, em geral.
Na performance eu me coloco como um monumento, como parte da memória daquele espaço, mesmo que temporária, e, ao mesmo tempo, interrogo quem são os preferidos e por quem foram eleitos para a permanência da memória desse lugar.