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E se fosse feito um monumento em homenagem a todo jovem morto pela polícia? Se cada jovem assassinado tivesse sua imagem monumentalizada, como seria a cidade? Cada esquina e cada rua dos subúrbios seriam povoadas de ícones: imagens petrificadas da violência que institui nosso cotidiano. Uma cidade inflacionada por esses rostos e corpos em bronze seria uma cidade do medo, ou é ele, o medo, efeito da nossa recusa de dar imagem à necropolítica - ou seja, à nossa realidade mais brutal e ordinária? Talvez as ausências de visibilidades e de nomes desses corpos (e dessas vidas) falem não sobre uma recusa (a de nos darmos com a violência da realidade), mas, sim, sobre a própria "normalidade" da nossa condição, qual seja, a da banalidade do genocídio, a do fato de ser todos, afinal, homo sacer - matáveis e insacrificáveis.

O projeto Monumento ao invisível pretende pôr em questão tanto o que são os monumentos quanto a precariedade da memória coletiva, no contexto da necropolítica cotidiana. Consiste na criação de um "monumento perecível": fotografia de uma "estátua viva" (que representa um jovem assassinado em "conflitos armados") impressa em "papel lambe" e colada em uma parede na localidade da sua vida e morte. O monumento (fotografia exposta às ações do tempo e da vida) está destinado ao apagamento. A exposição do QR Code, que dá acesso à pagina do trabalho com o mapa do local em que está colada a fotografia, convida o espectador a visitar o local e o monumento em processo de perecimento, em vias de se tornar invisível.

O primeiro trabalho da série Monumento ao invisível está colado em uma parede do Jardim Nenhum Sonho a Menos, no Centro Cultural Phábrika, em Acarí (zona norte do Rio de Janeiro).

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