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GESTÃO DA SOBREVIVÊNCIA



"Gestão da Sobrevivência" é uma série de cartazes que pretendem pôr em questão as relações entre imagem e legenda, verossimilhança e factualidade, no contexto de necro/biopolítica e "pós-verdade". São apropriadas imagens de notícias "verídicas" e inseridas legendas, como chamadas de notícias, ora factuais ora não, mas que não se referem ao contexto original da imagem. Isso porque vivemos um momento em que os mecanismos de informação exploram cada vez mais composições que buscam acionar emoções e crenças pessoais - às quais a veracidade e a factualidade podem ser pouco relevantes -, de modo que seja possível ao "leitor" produzir uma "notícia" independentemente do seu referente factual, e, mesmo, da sua organização lógica. Neste sentido, um tempo de "pós-verdade" seria aquele em que já não somos capazes de discernir não o verdadeiro do falso, mas o que é sarcasmo, paródia, ironia e sensacionalismo; ou seja, um tempo de empobrecimento simbólico em que a realidade parece ter se transformado em uma paródia distópica de si mesma, de modo que a própria crítica a essa realidade tem dificuldades de encontrar meios eficazes para produzir estranhamentos e desconfortos. Li o termo “Gestão do Sobrevivência” em um artigo que discutia o fim das Leis trabalhistas e como a mídia explorava o termo “empreendedor” para justificar o esvaziamento do Estado de Direito num contexto em que a luta pela sobrevivência é revestida pelos signos do empreendedorismo: proatividade, iniciativa, flexibilidade, perseverança, resiliência, autonomia. Assim, a série que apresento busca articular a banalidade da violência, a extinção dos direitos e o extremismo religioso, de modo a convidar o espectador a “ler” as camadas de “verdade” e “mentira” contidas nos cartazes. Se a montagem das imagens com as legendas não pretende apontar a uma "notícia" factual, tanto a verossimilhança quanto a "veracidade" das proposições pretendem negar a aderência ao absurdo como normalidade.
PAISAGEM HOSTIL


A série, “Paisagens Hostis”, consiste em um conjunto de cartões postais com imagens desses espaços que venho fotografando desde 2016. Minha proposta é a partir da ideia de paisagem presente no imaginário social carioca, discutir a vista cotidiana das pessoas que moram e transitam no Rio. Esses postais integraram a exposição, 'Utopia do Não', no Paço Imperial. Ao todo foram 5 mil postais, de uma série com 5 diferentes paisagens, que ficaram em um suporte de ferro. A proposta foi expor e distribuir para o público essa série durante e exposição. Com isso, junto a curadoria, pensamos que seria interessante que os postais ultrapassassem os limites do espaço expositivo e tomassem a extensão da cidade. Cada postal também tem um “QR” code que dá acesso a localização de onde a foto foi tirada. Esse trabalho, em processo, integra a pesquisa de doutorado e surgiu a partir da seguinte inquietação “Quem tem direito à cidade?”. Consiste no mapeamento de “locais hostis”, construídos com o aval do Poder Público, para impedir o acesso de pessoas ou grupos a determinados espaços do tecido urbano do Rio de Janeiro.
CERCO, CERCA, CERCADO
Nasci em Xerém, uma área rural de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Passei minha infância brincando em uma roça que ficava atrás da minha casa. Hoje é um terreno loteado com algumas construções. Assim, a performance consiste em atravessar as cercas que dividem esse loteamento. Um gesto que me remete a uma memória afetiva, mas ao mesmo tempo, explora os percursos e limites criados por seus habitantes. A série consiste em registros fotográficas e vídeos feitos em momentos diferentes, que mostram as mudanças climáticas, intervenções humanas e o processo de construção e cercamento dos lotes. Proponho usar a mesma roupa durante o processo, um casaco de lã e uma calça legging, de forma que o processo vire marca, memória. Assim, é um projeto em andamento, que encerrará quando for impossibilitada de atravessar as cercas.
CASULO ONÍRICO

A série, que teve início em 2016, consiste em uma experiência que busca imagear, através da fotografia, o que há de fugidio e insólito nos devaneios, sonhos e pesadelos que me perpassam. Ainda em processo de elaboração, a série é montada em trípicos, e a primeira delas foi apresentada na exposição Curadoria para quê?, em 2018.


BOULEVARD OLÍMPICO

A série destaca parte do processo de reurbanização da cidade do Rio de Janeiro, por ocasião dos Jogos Olímpicos, e a experiência do carioca/turista em conhecer esse novo espaço turístico. Outra característica é o enquadramento, que privilegia o corte da cabeça dos fotografados, explorando também a relação que os transeuntes têm com a cidade, remetendo à figura do flâneur, no sentido benjaminiano. A série foi exposta na Mostra A Construção do Olhar, em 2016, no Ateliê Oriente.



VERMELHA

Elaborada em 2015 a partir de uma série homônima de desenhos, ela deriva de
uma reflexão em torno de situações vividas em uma rotina acelerada de trabalho,
solidão e ansiedade, questionando o valor que atribuímos aos nossos próprios desejos
e às nossas relações com os outros. Alguns desenhos da série foram publicados no
primeiro número da Revista Círculo de Giz, em 2015, e as fotografias exibidas no Foto Rio Resiste, em 2018, organizado pelo coletivo Fotógrafas Brasileiras.

